Tempos de isolamento: Menos para as empresas

Por Marcelo Marques Araújo

Estamos em 2021. Uma crise sem precedentes na história afetou profundamente a
saúde das pessoas e das empresas. O custo humano é imensurável e não será objeto
de nossa análise porque simplesmente não há o que fazer para superar a dor de uma
perda. Empresas morrem e renascem. Seres humanos, não. Ao menos nessa vida.
No Brasil, apenas em março, 600 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas.
O número de empresas fechadas no primeiro trimestre é 62% maior que em 2019.
São 9 milhões de desempregados a mais. O país deve chegar a 16 milhões de
desempregados até junho. Milhares de empresas britânicas, americanas e italianas
também fecharam as portas. Na Inglaterra são 21 mil empresas a menos.
Num cenário tão catastrófico, precisamos refletir sobre o presente e o futuro das
empresas, em especial, daquilo que elas comunicam e do que será delas. O que fazer
para aguentar firme em meio às turbulências e dificuldades do momento? Como estar
preparado para contextos de crise a exemplo do que provocou o Covid-19 no planeta?
Vejamos seis motivos para acreditar que tudo vai passar e vamos superar:

1) Somos falhos. Compreender isso e aceitar nossas limitações é um grande
recomeço. Não poderíamos prever que 2020 seria isso. Richard Branson, fundador do
conglomerado Virgin, falhou ao menos três vezes. Mark Zuckerberg falhou ao menos
duas vezes antes do Facebook. Bill Gates falhou e quase foi à lona ao menos uma vez
antes da Microsoft. Elon Musk falhou também, antes do PayPal e da Tesla. Enfim, você
empreendedor não tem anticorpos ou antídotos contra decisões equivocadas. É
preciso um movimento contínuo de acertos e erros. Sem medo de continuar.
2) Pense com os pés no chão. Apenas dois tipos de empresas vão se dar bem na crise:
empresas firmadas na rocha, com balancetes fortes e pouca dívida. E empresas
inovadoras, que sabem se adaptar bem, têm dna de inovação. Empresas que não
tenham balancetes arruinados. Empresas pequenas, médias ou grandes, que não
tenham gestores no mundo da lua.
3) Crises produzem inovação. A Primeira Guerra Mundial levou o ser humano a criar
soluções que, mais tarde, seriam benéficas para muita gente. Em 1917, a Kimberly-
Clark passou a empregar, na fabricação de enchimento para curativos cirúrgicos, uma
substância composta pela polpa da celulose que era cinco vezes mais absorvente do
que o algodão e custava metade do preço. Enfermeiras da Cruz Vermelha, que
trabalhavam exaustivamente nos campos de batalha, logo se deram conta da utilidade
do produto na higiene íntima feminina. Em 1920, menos de dois anos após o final da
guerra, chegou às lojas nos Estados Unidos, o primeiro absorvente íntimo da
história. São muitos os episódios de inovação posteriores a um momento de crise,
mas, um em especial contribuiu bastante até mesmo para a evolução tecnológica. Em
1939, início da Segunda Guerra Mundial, o matemático britânico Alan Turing desenvolveu uma máquina capaz de decifrar mensagens criptografadas dos nazistas.
Em 1943, o invento de Turing já era responsável por decodificar, a cada mês, cerca de
84 mil mensagens emitidas pelos alemães. Essa inovação contribuiu para acelerar o
fim da Segunda Guerra e salvou milhões de vidas. Além disso, a máquina de Turing
estava baseada em um modelo teórico que foi posteriormente aplicado ao
desenvolvimento dos computadores.
4) Criatividade muda o mundo. A criatividade do ser humano para inovar e criar
soluções para amenizar o sofrimento e ajudar na superação das dificuldades é uma
dádiva de Deus. Ser criativo é também antecipar-se, arriscar-se e jamais esmorecer.
“Arriscar-se é perder o equilíbrio por um tempo, mas não arriscar-se é perder-se a si
mesmo para sempre”, dizia Soren Kierkegaard, pai do existencialismo, um filósofo
cristão.
5) Torne-se On-Line. Não importa qual seja sua operação. Há sempre uma interface
digital para ela. Esse processo não tem mais volta. Muitas empresas jamais irão
retomar a performance de antes. Você precisa se posicionar bem no digital para
performar bem, ampliando vendas, minimizando custos e maximizando resultados. É
fácil? Óbvio que não. Mas você precisa dar o primeiro passo. E muitas vezes, o
aparelho que você está manuseando para ler esse texto é o mesmo que você vai ter
para encontrar soluções e mercado on-line.
6) Comunicar, sempre, e com relevância. Marty Neumeier registrou em seu livro The
Brand Gap, que, certa vez em uma palestra, fez três perguntas que considerava
importantes para um grupo de empresários: O que você é? O que você faz? Por que
você é importante para a vida das pessoas? A primeira e segunda respostas são fáceis.
Responder sobre o porquê você é importante, ou como você ocupa lugar na mente das
pessoas, isso é o maior desafio nesta época. Quanto menos relevante, maior o risco de
ir à lona. Quanto menos você se comunicar com destreza mostrando o porquê de fato
deveria ocupar um lugar na atenção dissipada das pessoas, menos chances terás de
reverter os prejuízos do momento.


Para uma reflexão final. 1930, assim como todas as empresas, a IBM estava em
dificuldades. Afinal, a Grande Depressão havia começado em 1929, e hoje é
considerada a maior crise econômica da história. Naquele momento, todas as
empresas estavam demitindo milhões de colaboradores e se encolhendo. Era uma
crise sem precedentes. Thomas Watson, então CEO da IBM, foi na direção contrária:
decidiu acreditar, inovar, não demitir nenhum colaborador, aumentar os
investimentos da empresa, comunicar isso muito bem e preparar sua empresa crescer.


Ele disse: “as condições neste país vão melhorar, nossa força de vendas ficará mais
forte e, mais tarde, poderemos fazer mais negócios. Vou me arriscar”.

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