Apego ao clássico ou falta de criatividade?

Por Camila Grilli O herói corre para se salvar. Arqueólogo recém aposentado, está tentando proteger das mãos de nazistas uma das relíquias mais valiosas da História da humanidade. Seus inimigos tentam alcançá-lo e o encurralam em um beco sem saída. Na sala ao lado, os sons de tiros e armas sendo disparadas são ofuscados pela história do reencontro das diferentes versões de outros heróis – super heróis, mascarados e com poderes parecidos com os de uma aranha.

Foi durante junho e julho deste ano que essas cenas puderam ser vistas em salas de cinemas, lotadas de telespectadores e de expectativas. A experiência de mais uma vez estar em frente às telonas conferindo as novas histórias de franquias tão aclamadas deveria ser inigualável. Porém, tudo que parece ser possível pensar é no quanto aqueles roteiros e aqueles personagens são praticamente iguais a tudo o que já foi produzido antes.

Entorpecidos por cenas de ações que são apenas mais-do-mesmo passando diante de seus olhos, os cinéfilos não parecem notar a verdadeira receita de bolo que é a jornada do herói destes ditos lançamentos. Estes, por sua vez, tentam a todo custo se consolidar como sucessos de bilheteria ao apostarem em grandes orçamentos.

Conforme a história avança, os conflitos deixam o público mais tenso, que apreciam quando o vilão tenta dar sua cartada final e derrotar o protagonista. O burburinho de surpresa pelas reviravoltas evidencia o gosto pelo momento de virada da trama, que não pode faltar em filmes como esses. Quando tanto Indiana Jones quanto o Homem Aranha enfim salvam a si mesmos, a quem amam e ao resto do mundo, um suspiro coletivo deixa os pulmões daqueles que assistem, aliviados, o bem vencer o mal.

A sala de cinema se esvazia conforme as luzes se acendem e os créditos rolam pela tela. A experiência, no geral, foi positiva – os telespectadores dizem. E não percebem mesmo que ela foi, na verdade, apenas uma repetição incessante de eventos que já testemunharam antes. A sensação de saber o que vai acontecer – afinal, o mocinho sempre vence – é confortável demais para se deixar incomodar pelo fato de que nada daquilo é novo.

No mundo da arte cinematográfica que se alimenta a cada dia de remakes e continuações que mais aparentam ser apenas fruto de uma busca desesperada por dinheiro, nada parece inovar. E o lançamento em pleno 2023 de duas histórias que tiveram suas origens no meio do século 20 apenas reforça isso.

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