autor: Arthur C. de Vitto
Há 10 anos ele ouve a mesma coisa de um certo avô:
-Na minha goiaba ninguém põem o dedo
– mas vô, você não viu que o Tião da borracha ficou ruim que só?
-não me interessa, já lhe disse que na minha ninguém põem a mão!
E não adianta avisar, quando alguém não quer ouvir nada nem precisa botar a mão na orelha para “tampar” o som.
O duro que se não fosse eu falar acredito que ninguém falaria: A avó? Teimosa demais! seu pai? Bronco igual ao avô, já passou dos 40 e não queria saber do assunto e tinha raiva de quem ousasse falar! Mãe? Tias? Falam, mas não suficientemente para fazerem suas vozes ecoarem na mente do avô.
Nunca um assunto tinha sido tão pouco falado. Até que vestidos de preto, conversaram:
– ele morreu de que?
Um curioso pergunta.
-câncer de próstata.
Responde triste e seco.
-Putz, Mas aconteceu tão do nada
Ele continua.
– Do nada não, aconteceu alguma hora, só não sabemos quando.
– E seu pai? Como está?
– desacreditado, mal conseguiu se levantar para vir hoje.
– Hum …
– …
O assunto encerra.
Depois de alguns dias de muito choro e lagrimas derramadas por conta da perda, o pai lhe puxa de canto e diz:
– É…
-É o que?
-marquei a minha consulta no Procto.
No Brasil mais de 16 mil homens morrem por ano, vítimas do câncer na próstata, não faça parte do silencio.