Victória Monteiro
Historicamente, a luta das mulheres contra uma sociedade machista se apresenta em todas as dimensões sociais. Desde os direitos trabalhistas, até a forma como a mulher é taxada nas mídias, os movimentos feministas vêm em prol da luta da mulher na sociedade em busca de direitos igualitários. Por isso, na música, não poderia ser diferente. As mulheres desde sempre tiveram que lutar por seu espaço nos palcos e na carreira musical.
Alguns exemplos históricos que se apresentam para a história atual são: Maria Anna Mozart, a irmã mais velha de Wolfgang Mozart, que desde pequena apresentava um talento incrível para a música, mas foi desincentivada por ser mulher e precisar se casar. Anna Magdalena Bach, a compositora alemã que tem até hoje composições que são lembradas por causa de seu marido, Johann Sebastian Bach.
A história de Chiquinha Gonzaga, não foi diferente. Nascida em 1847, filha de marechal do exército e mãe escravizada alforriada, escreveu músicas desde pequena, mas teve suas composições criticadas por serem inspiradas em ritmos do continente africano. Ela foi pioneira em inúmeras lutas sociais, sendo uma delas o feminismo, e por isso, foi igualmente censurada. Criou uma das primeiras marchinhas de carnaval, ‘O Abre Alas’, que foi transformadora para a vivência da música popular e brasileira.
Essas, e outras artistas, trazem uma perspectiva diferente para aquilo que é conhecido na história; nessa visão, as mulheres deixam de ser apenas musas inspiradoras e passam a ser cantoras, compositoras e protagonistas da história da música. Seria injustiça olhar para a história da música e escutar apenas narrativas unilaterais escritas por homens, que historicamente em sua grande maioria, constroem uma imagem degradada da mulher.
Já que, embora essas mulheres, como as citadas no exemplo, tenham desempenhado papéis fundamentais e transformadores na música, sua presença acaba sendo minimizada e, muitas vezes, retratada como apenas musas inspiradoras, quando na verdade, as mulheres desempenharam um papel muito maior.
É importante considerar que a invisibilidade das mulheres na música não é um problema recente. É apenas a manifestação de desigualdades profundas e históricas da sociedade, trazendo cada dia mais a necessidade de desmistificar e mudar essa imagem construída da mulher, quebrando então, os ecos silenciosos de artistas que nunca puderam estar nos holofotes e enriquecendo a vivência das mulheres na indústria musical.