Por Ana Clara Souza Grande campeonato no Praia Clube. Última etapa do Circuito Mundial de vôlei de praia. Uma disputa com as melhores duplas do ranking mundial, feminino e masculino.
Mas o foco aqui não é no jogo, pelo menos não no resultado. O foco é na forma como se joga, melhor ainda, como os atletas se vestem para jogar. Chegando em um campeonato como esse, ouve-se vários sons, gritos, bolas batendo, música, choros… porém, o que me chamou mais atenção, não tem som. É silencioso e por vezes silenciado.
Duplas masculinas, prontas para competir, usando seu uniforme obrigatório, bermuda e camiseta. Do outro lado, duplas femininas prestes a iniciar uma partida, também uniformizadas, com top e sunquíni (modelo de calcinha de biquíni).
Dá para notar a diferença? Ou melhor ouvir? Não a diferença, mas… MAIS uma diferença. Mais uma distinção no tratamento entre mulheres e homens, só que agora no esporte.
Nessa hora, os sons que me predominaram eram de especulação, tentando imaginar os desdobramentos de uma questão como essa. O barulho de palavras como preconceito e sexualização podem ser ouvidos?
Então, nesse momento de tensão, vi a dupla de vôlei de praia Vitoria Rodrigues e Andressa Cavalcanti, uma usando shorts e outra calça legging (som de uma respiração aliviada).
Alívio, pois não seria o preconceito e o machismo do dia a dia refletidos em mais uma esfera da sociedade. Mas, então se predomina o ruído das dúvidas: uniformes então são uma questão de escolha? Deve se jogar como se sente confortável? Quando flexibilizações como essas surgiram?
Para entender o que estava acontecendo e solucionar a questão, conversei com quem poderia explicar sobre a questão e o percurso dela, a jogadora Vitória Rodrigues, mulher, jovem e atleta.
A finalização dessa “problemática” dos uniformes foi boa por se constatar que atletas femininas, hoje, jogam como se sentem mais confortáveis.
Porém, ruim pois isso é HOJE. Essa é uma conquista recente (2020/2021) e infelizmente sons como o da igualdade de gênero, ainda são “estranhos”. Nossos ouvidos (e nós) não nos acostumamos.